TEXTO V
LÍNGUA
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões.
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E um profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões.
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa,
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade.
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixa os portugais morrerem à míngua,
“Minha pátria é minha língua”
- Fala Mangueira
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
o que pode
Esta língua?
Caetano Veloso. Velô, 1984.
A música de Caetano, um verdadeiro poema, versa sobre língua portuguesa, chamada de a última flor do Lácio, região, ainda do Império Romano, em que se falam as línguas provindas do latim. A questão toma o poema como unidade de análise.
O poeta ainda expressa seu gosto pela transitoriedade e perenidade, que está expresso junto ao:
- A nono verso - Gosto do Pessoa na pessoa – ilustrando uma particularidade metafórica, característica da língua portuguesa a fim de ilustrar sua perenidade.
- B aos primeiro e nono versos – Gosto de sentir a minha língua roçar e Gosto do Pessoa na pessoa – ilustrando concomitantemente particularidades metafóricas de transitoriedade e perenidade.
- C terceiro verso – Gosto de ser e de estar – ilustrando uma particularidade da língua portuguesa entre a permanência do ser e a transitoriedade do estar, que a torna diferente. Na Língua Inglesa, por exemplo, o verbo to be concentra os dois em apenas um.
- D primeiro verso - Gosto de sentir a minha língua roçar – ilustrando sua transitoriedade por um lado, o toque, e sua perenidade, por outro, do gosto.