Atenção: As questões de números 1 a 8 referem-se ao texto
abaixo.
"O folhetim é frutinha de nosso tempo", disse Machado
de Assis numa de suas deliciosas crônicas. E volta ao assunto
na crônica seguinte.
"O folhetinista é originário da França [...] De lá espalhouse
pelo mundo, ou pelo menos por onde maiores proporções
tomava o grande veículo do espírito moderno; falo do jornal." E
Machado tenta "definir a nova entidade literária", procura
esmiuçar a "organização do novo animal". Mas dessa nova
entidade só vai circunscrever a variedade que se aproxima do
que hoje chamaríamos crônica. E como na verdade a palavra
folhetim designa muitas coisas, e, efetivamente, nasceu na
França, há que ir ver o que o termo recobre lá na matriz.
De início, ou seja, começos do século XIX, "le feuilleton"
designa um lugar preciso do jornal: "o rez-de-chaussée" ? résdo-
chão, rodapé ?, geralmente o da primeira página. Tinha uma
finalidade precisa: era um espaço vazio destinado ao
entretenimento. E pode-se já antecipar, dizendo que tudo o que
haverá de constituir a matéria e o modo da crônica à brasileira
já é, desde a origem, a vocação primeira desse espaço
geográfico do jornal, deliberadamente frívolo, oferecido como
chamariz aos leitores afugentados pela modorra cinza a que
obrigava a forte censura napoleônica. ("Se eu soltasse as
rédeas da imprensa", explicava Napoleão ao célebre Fouché,
seu chefe de polícia, "não ficaria três meses no poder.")
(MEYER, Marlyse, Folhetim: uma história. 2 ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005, p. 57)
No texto,
- A (linhas 15 a 17) a finalidade do folhetim é citada em associação com o lugar que lhe era destinado no jornal.
- B (linha 13) a expressão ou seja foi empregada para introduzir uma retificação: em busca da precisão, anula-se o valor da expressão anteriormente utilizada (De início).
- C (linha 14) os dois-pontos justapostos à palavra jornal introduzem a citação de distintos espaços associados ao folhetim.
- D (linha 10) o emprego da expressão na verdade denota a concordância plena do autor com as informações obtidas nas crônicas, de que cita passagens para provar que o cronista se concentrou nos significados da palavra folhetim.
- E (linhas 22 a 24) a transcrição das palavras de Napoleão constitui recurso para sugerir que o imperador era tema constante dos folhetins.