Num mundo em constante processo de transformação, onde a globalização afirma-se como tendência irreversível, muitos autores, em função da constatação da queda das barreiras físicas entre os estados, vêm questionando a existência do território e, consequentemente, do espaço como elemento de análise do mundo moderno, mais do que isso, negam simplesmente o espaço. A questão, no entanto, parece muito mais complexa do que a simples anulação do espaço. Deste modo, no contexto do fim do estado-nação — que coloca em xeque a natureza e o sentido do território — e na “era das redes”, como se situaria um debate sobre o lugar? CARLOS, A. F. A. O lugar no/do mundo. São Paulo: FFLCH, 2007.(Adaptado)
Conforme questiona a autora, as dinâmicas do mundo globalizado suscitam pensar sobre a noção de lugar, compreendido como
- A resultado da articulação entre a mundialidade em constituição e o local enquanto especificidade concreta, enquanto momento, preenchido por múltiplas dinâmicas que apontam para a fragmentação do mundo na dimensão do espaço, do indivíduo, da cultura etc.
- B produto dos entrelaçamentos impostos pela divisão (espacial) do trabalho, articulado e determinado pela totalidade espacial, funcionando como forma autônoma dotada de vida própria, porém vinculada ao caráter social e histórico da produção do espaço geográfico global.
- C resultado do fazer histórico dos diversos grupos humanos, a partir de seus meios específicos de produção e de constituição identitária, inserido no contexto das redes globais com progressivo ajuste à divisão internacional do trabalho e à homogeneização com os demais lugares do mundo.
- D produto das relações entre os homens e destes com o meio geográfico, tecido por relações sociais que se realizam no plano do vivido, o que garante a construção de uma rede de significados e sentidos que são tecidos pela história e cultura civilizadora, produzindo a identidade.
- E resultado concreto da produção da vida dos homens, que só se realiza no lugar, contraposto ao espaço global, e é definido a partir de laços de produção, mas também de identidade e afetividade, vivenciados através dos sentidos ou da abstração.