Atenção: As questões de números 15 a 20 referem-se ao
texto que segue.
O exercício da memória, seu exercício mais intenso e
mais contundente, é indissociável da presença dos velhos entre
nós. Quando ainda não contidos pelo estigma de improdutivos,
quando por isso ainda não constrangidos pela impaciência,
pelos sorrisos incolores, pela cortesia inautêntica, pelos
cuidados geriátricos impessoais, pelo isolamento, quando então
ainda não-calados, dedicam-se os velhos, cheios de
espontaneidade, à cerimônia da evocação, evocação solene do
que mais impressionou suas retinas tão fatigadas, enquanto
seus interesses e suas mãos laborosas participavam da norma
e também do mistério de uma cultura.
(GONÇALVES FILHO, José Moura, "Olhar e memória". IN:
O olhar. NOVAES, Adauto (org.). 10a reimpressão. São
Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 97)
No fragmento acima, o autor considera que
- A a memória é exercício restrito aos velhos, cuja presença entre os mais jovens é bastante intensa.
- B improdutivos é termo que, denotando "o que já produziu", expressa o reconhecimento do valor dos que concluíram sua fecunda ação na sociedade.
- C a impaciência e a descortesia são atributos legítimos dos mais velhos, que já participaram da construção da cultura de seu país.
- D o silêncio dos velhos é uma marca salutar dos que espontaneamente resolveram dedicar-se ao culto do passado.
- E o resgate a que se consagram os velhos das experiências que mais os comoveram no passado é uma verdadeira celebração.