Questões de História Geral (História)

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O professor objetiva analisar, historicamente, a experiência humana nas cidades. Para tanto, recorre ao uso de desenhos da polis grega antiga e seus significados, apresentados a seguir.


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Com base nas imagens e informações cedidas, o professor deve especificar que

  • A cidade e campo eram separados pelas muralhas, independentes entre si, mas correlacionados nas experiências das trocas dos excedentes agrícolas produzidos para as práticas de comércio na ágora.
  • B a cidade-estado aglutinava campo e cidade pela unidade cultural e religiosa grega, tendo a ágora como espaço do dinamismo social destinado à difusão dos mitos e feitos heroicos dos deuses antigos.
  • C a pólis grega era um complexo social e identitário definido em particular por cada cidade, a ágora era o lugar da realização das assembleias dos cidadãos, onde oradores públicos eram vistos e ouvidos.
  • D cidade e campo eram indissociáveis, integravam ou sobrepunham-se, sendo a ágora o espaço da interação humana cotidiana, das discussões políticas, das conversas, das trocas de bens e mercadorias.

Uma professora da escola básica pretende discutir com seus alunos o papel da mulher no período medieval. Para trabalhar a temática, a professora apresentou para a turma um poema redigido no século XII por Bemard de Morlas, um monge de Cluny (ordem religiosa surgida na cidade francesa de Cluny e vinculada a Ordem de São Bento). Avalie a seguir o poema utilizado pela professora.

A mulher ignóbil, a mulher pérfida, a mulher vil Macula o que é puro, rumina coisas ímpias, estraga as ações. A mulher é fera, seus pecados são como a areia. Não vou entretanto caluniar as boas a quem devo abençoar. Toda mulher se regozija de pensar no pecado e de vivê-lo. Nenhuma, por certo, é boa, se acontece no entanto que alguma seja boa. A mulher boa é coisa má, e quase não há nenhuma boa. A mulher é coisa má, coisa malmente carnal, carne toda inteira. Dedicada a perder, e nascida para enganar, perita em enganar. Abismo inaudito, a pior das víboras, bela podridão.

MORLAS, Bernad de. Apud DELUMEAU, Jean. História do medo no ocidente 1300-1800: uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p.485-486.


Após ler o documento com a turma, a professora deve demonstrar que, na Idade Média, em geral, 

  • A a mulher era vista como a encarnação da Eva, a pecadora, que carregava o pecado original em razão da fraqueza da mulher.
  • B as mulheres reagiram à implementação do cristianismo e, por isso, a Igreja as associou ao demônio e as combateu nos cultos religiosos.
  • C as mulheres se sentiam agentes do satanás e, nessa condição, se consideravam associadas à depravação sexual e à bruxaria.
  • D a mulher diabolizada era parte da representação contraditória sobre o sexo feminino, que oscilava entre a atração e a repulsa, a admiração e a hostilidade.

Um professor da escola básica propõe à turma estudar os usos da terra em diferentes tempos e espaços, optando por iniciar a discussão pela antiguidade clássica, a partir da leitura do texto a seguir. 

         A lei agrária nunca foi revogada, mas foi sendo modificada em etapas sucessivas. Apiano descreve brevemente três leis que lhe alteraram o alcance, demolindo a reforma agrária dos Graco.     Os lotes distribuídos eram inalienáveis; esta precaução destinava-se a proteger a pequena propriedade. O primeiro passo contra a reforma foi abolir esse vínculo; os ricos puderam então expulsar os camponeses comprando seus pequenos lotes. Uma segunda lei proibiu novas distribuições de terras; a maior parte do ager publicus consistia de terras ocupadas e estas eram deixadas aos que detinham sua posse desde a lei de Tibério; mas os ocupantes ficavam obrigados a pagar um imposto cujo rendimento seria destinado às distribuições de trigo à plebe. Finalmente, o último passo: este imposto foi suprimido, declarando-se propriedade privada as terras já distribuídas e as ocupadas.         Apenas as terras que não estavam ocupadas continuavam sendo consideradas ager publicus; este foi liberado para o uso como pastagem; com o tempo, provavelmente terminou sendo ilegalmente cercado e apropriado pelos ricos.
CORASSIM, Maria Luiza. A reação senatorial. In: A reforma agrária na Roma Antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988. p. 73-74.

Considerando o texto e a finalidade da Lei Agrária, na antiguidade clássica, o professor explica aos alunos que os irmãos Graco

  • A propunham que as terras fossem igualmente distribuídas entre patrícios e plebeus, o que uniria a sociedade romana e garantiria os recursos necessários para as conquistas militares.
  • B regulamentaram o acesso às terras, transferindo a administração desse patrimônio do Estado para os pequenos proprietários empobrecidos.
  • C defendiam a incorporação pelo Estado das terras oriundas de conquistas territoriais e a distribuição delas para a plebe, restaurando, assim, a república tradicional composta por cidadãos soldados e por pequenos proprietários.
  • D tinham o objetivo de tributar as terras públicas, habitadas e cultivadas, utilizando a arrecadação dos impostos para a fundação de novas colônias romanas que seriam destinadas aos soldados plebeus e aos agricultores sem terra.

O escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984) escreveu em O Jornal e suas metamorfoses:


Um senhor pega um bonde depois de comprar o jornal e pô-lo debaixo do braço. Meia hora depois, desce com o mesmo jornal debaixo do mesmo braço.

Mas já não é o mesmo jornal, agora é um monte de folhas impressas que o senhor abandona num banco de praça.

Mal fica sozinho na praça, o monte de folhas impressas se transforma outra vez em jornal, até que um rapaz o descobre, o lê, e o deixa transformado num monte de folhas impressas.

Mal fica sozinho no banco, o monte de folhas impressas se transforma outra vez em jornal, até que uma velha o encontra, o lê e o deixa transformado num monte de folhas impressas. Depois, leva-o para casa e no caminho aproveita-o para embrulhar um molho de acelga, que é para o que servem os jornais depois dessas excitantes metamorfoses.


CORTÁZAR, Julio. Histórias de Cronópios e de Famas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 63.


Um professor leu com os seus alunos esse texto de Cortázar, o que fez com que toda a turma concluísse que, na escola básica, os documentos históricos

  • A necessitam ser preservados na sua finalidade original de produção, privilegiando a informação que se apresenta no texto escrito.
  • B precisam ser compreendidos como materiais produzidos pelas elites, o que exige um trabalho de questionamento sobre os seus usos.
  • C podem ser usados como obras culturais e sociais, o que implica na investigação das suas diferentes formas de uso por sujeitos dos mais diversos.
  • D devem ser transformados em fonte de pesquisa, uma vez que os jovens e adolescentes são formados para trabalhar com os mesmos métodos de um historiador.

O historiador italiano Alessandro Portelli, ao desenvolver uma pesquisa fundamentada na história oral, realizou uma entrevista com Alfredo Filipponi, antigo operário e secretário da resistência comunista contra o fascismo entre 1943 e 1944. A entrevista ocorreu em 1973, quando Filipponi já se encontrava muito doente e faleceu pouco tempo depois. No decorrer da entrevista ocorreu o seguinte diálogo:

Portelli: Durante a resistência, você pensava apenas na liberdade nacional ou desejava alguma coisa mais?
Filipponi: Pensavámos na libertação nacional do fascismo e, após isso tínhamos esperança de alcançar o socialismo, o qual ainda não havíamos atingido. Depois que a guerra terminou - Terni foi onze meses mais cedo do que o resto do país -, o camarada Palmiro Togliatti [secretário do Partido Comunista italiano no pós-guerra] convocou uma reunião com os líderes do Partido em todas as províncias da Itália. Togliatti fez um discurso e adiantou que haveria eleições e pediu o meu apoio para ganharmos a eleição. Houve aceitação ao discurso feito, mas eu levantei minha mão: “Camarada Togliatti, eu discordo”, porque, como Lenine disse: quando o tordo voa, é o momento de atirar nele. Hoje o tordo está voando: todos os chefes fascistas estão se escondendo ou fugindo, tanto em Terni como em qualquer outro lugar. Este é o momento: nós atacamos e construímos o socialismo. Togliatti colocou a sua moção e a minha em votação e a dele obteve quatro votos a mais do que a minha, e assim foi vencedora.
Adaptado de: PORTELLI, Alessandro. Sonhos Ucrônicos, Memória e Possíveis Mundos dos Trabalhadores. Projeto História, n. 10, São Paulo: Educ, 1993. p. 42-43.


Segundo Portelli, a confrontação entre Filliponi e Togliatti nunca aconteceu. Com base nos estudos atuais sobre a oralidade como fonte de pesquisa, essa constatação indica que a História Oral

  • A favorece a produção de mentiras históricas, estimulando a ideia de que, para narrar o passado histórico, qualquer um conta um fato da maneira que for lhe for conveniente.
  • B oferece a possibilidade de versões imaginárias sobre um evento, apontando que os fatos poderiam ter sido diferentes se outros caminhos tivessem sido escolhidos.
  • C precisa ser confrontada com outras fontes para a obtenção do conhecimento histórico, tendo em vista que a oralidade é sempre constituída por uma visão interessada do sujeito.
  • D tem sido questionada pela historiografia contemporânea se é um instrumento confiável para a reconstrução do fato, uma vez que o depoimento individual apresenta muitas subjetividades.