O escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984) escreveu em O Jornal e suas metamorfoses:
Um senhor pega um bonde depois de comprar o jornal e pô-lo debaixo do braço. Meia hora depois, desce com o mesmo jornal debaixo do mesmo braço.
Mas já não é o mesmo jornal, agora é um monte de folhas impressas que o senhor abandona num banco de praça.
Mal fica sozinho na praça, o monte de folhas impressas se transforma outra vez em jornal, até que um rapaz o descobre, o lê, e o deixa transformado num monte de folhas impressas.
Mal fica sozinho no banco, o monte de folhas impressas se transforma outra vez em jornal, até que uma velha o encontra, o lê e o deixa transformado num monte de folhas impressas. Depois, leva-o para casa e no caminho aproveita-o para embrulhar um molho de acelga, que é para o que servem os jornais depois dessas excitantes metamorfoses.
CORTÁZAR, Julio. Histórias de Cronópios e de Famas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. p. 63.
Um professor leu com os seus alunos esse texto de Cortázar, o que fez com que toda a turma concluísse que, na escola básica, os documentos históricos
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A necessitam ser preservados na sua finalidade original de produção, privilegiando a informação que se apresenta no texto escrito.
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B precisam ser compreendidos como materiais produzidos pelas elites, o que exige um trabalho de questionamento sobre os seus usos.
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C podem ser usados como obras culturais e sociais, o que implica na investigação das suas diferentes formas de uso por sujeitos dos mais diversos.
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D devem ser transformados em fonte de pesquisa, uma vez que os jovens e adolescentes são formados para trabalhar com os mesmos métodos de um historiador.